segunda-feira, 24 de março de 2008

Fahrenheit 451

Uma viagem perfeita ao Rio de Janeiro. Foi assim que acabaram as minhas férias. Não tive muito tempo de ler, é verdade. Mas, em compensação, pensei bastante sobre algumas questões que envolvem a leitura e os livros. No Rio, conheci o livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, depois de assistir o filme de mesmo nome. O livro, lançado em 1953, é uma ficção científica sobre um suposto futuro da humanidade, que vive sob o controle de um estado totalitário em que livros são proibidos e queimados. Aliás, o título se refere exatamente à temperatura dos livros quando são queimados: 451.


Comprei o livro e ainda estou no começo dele, mas, ao que tudo indica, a leitura é boa e contém algumas premonições que acabaram tornando-se verdadeiras da década de 50 em diante. O autor faz uma boa crítica aos meios eletrônicos do futuro como a televisão, o computador (e que podem ser encaixados até com a febre dos Ipods e MP3) e fala da sua influência na rotina e nos relacionamentos entre as pessoas, que de certa maneira se tornam “cada vez mais frios”.

Vou colocar aqui uma passagem do livro, uma das que mais gostei até agora. É sobre um casal.
“E pensou nela deitada na cama com os dois técnicos ao lado dela, não curvados de preocupação, mas apenas em pé, empertigados, os braços cruzados. E lembrou-se de ter pensado naquela hora que, se ela morresse, decerto ele não choraria. Pois seria a morte de uma desconhecida, um rosto da rua, uma foto do jornal e, de repente, a idéia lhe fora tão forte que ele começara a chorar, não pela morte, mas pela idéia de pensar em não chorar diante da morte, um homem ridículo e vazio junto de uma mulher ridícula e vazia, enquanto a serpente faminta a deixava ainda mais vazia”.

O livro me aproximou de algo que achava que não gostava: os livros sobre ficção científica. Utilizando um cenário fictício, ele reascende temas que notei também estarem presentes no livro Olhai os Lírios do Campo: a importância de se descobrir as coisas simples da vida, em vez de fazer tudo mecanicamente.

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