sábado, 29 de março de 2008

Velhinhos nem sempre são bonzinhos

Resolvi fazer uma coisa diferente nesse blog e escrever, de vez em quando, algumas impressões que tenho de coisas que leio (ou vejo) no jornal e no dia-a-dia mesmo. Não seria bem uma crônica, apenas comentários soltos. Assim, além de escrever resenhas sobre livros, treino um pouco a minha escrita sobre outros temas. Não vou parar de falar sobre livros, até porque é algo que eu não consigo. Apenas vou “incrementar” o blog um pouco mais. Espero que vocês gostem. E, se não gostarem, sintam-se livres para criticar, afinal, esse espaço é democrático e críticas, quando bem fundamentadas, são bem-vindas.

Saiu na edição de Sábado do Jornal Zero Hora uma matéria no Segundo Caderno sobre a Última Caçada aos Nazistas. Para quem estava desatualizado sobre o tema (como eu), a surpresa foi grande. Segundo a matéria, o Centro Simon Wiesenthal, centro judeu de Direitos Humanos, está lançando uma caçada aos últimos nazistas foragidos que escaparam do Tribunal de Nuremberg. O impressionante é que há a suspeita de que muitos deles vieram fugidos para a América do Sul, mais precisamente, para a Argentina.

Esses criminosos devem hoje ter de 90 anos para cima, se é que já não estão mortos. A idade avançada, com certeza, não justifica que estes sujeitos merecem ser poupados na hora de cumprir pena por seus crimes. Isso me fez pensar em como temos a mania de achar que todas as pessoas, quando se tornam “velhinhos”, viram bonzinhos e merecedores do nosso respeito. Tem gente que ainda precisa pagar pelos crimes do passado.


A matéria completa

segunda-feira, 24 de março de 2008

Fahrenheit 451

Uma viagem perfeita ao Rio de Janeiro. Foi assim que acabaram as minhas férias. Não tive muito tempo de ler, é verdade. Mas, em compensação, pensei bastante sobre algumas questões que envolvem a leitura e os livros. No Rio, conheci o livro Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, depois de assistir o filme de mesmo nome. O livro, lançado em 1953, é uma ficção científica sobre um suposto futuro da humanidade, que vive sob o controle de um estado totalitário em que livros são proibidos e queimados. Aliás, o título se refere exatamente à temperatura dos livros quando são queimados: 451.


Comprei o livro e ainda estou no começo dele, mas, ao que tudo indica, a leitura é boa e contém algumas premonições que acabaram tornando-se verdadeiras da década de 50 em diante. O autor faz uma boa crítica aos meios eletrônicos do futuro como a televisão, o computador (e que podem ser encaixados até com a febre dos Ipods e MP3) e fala da sua influência na rotina e nos relacionamentos entre as pessoas, que de certa maneira se tornam “cada vez mais frios”.

Vou colocar aqui uma passagem do livro, uma das que mais gostei até agora. É sobre um casal.
“E pensou nela deitada na cama com os dois técnicos ao lado dela, não curvados de preocupação, mas apenas em pé, empertigados, os braços cruzados. E lembrou-se de ter pensado naquela hora que, se ela morresse, decerto ele não choraria. Pois seria a morte de uma desconhecida, um rosto da rua, uma foto do jornal e, de repente, a idéia lhe fora tão forte que ele começara a chorar, não pela morte, mas pela idéia de pensar em não chorar diante da morte, um homem ridículo e vazio junto de uma mulher ridícula e vazia, enquanto a serpente faminta a deixava ainda mais vazia”.

O livro me aproximou de algo que achava que não gostava: os livros sobre ficção científica. Utilizando um cenário fictício, ele reascende temas que notei também estarem presentes no livro Olhai os Lírios do Campo: a importância de se descobrir as coisas simples da vida, em vez de fazer tudo mecanicamente.

sábado, 15 de março de 2008

Meu Nome é Vermelho


É. As férias chegaram ao fim. E é exatamente agora que começo a postar algumas resenhas de livros que li durante esse tempo. Um deles foi Meu Nome é Vermelho, de Orhan Pamuk. A história acontece em Istambul, no século XVI e começa quando um iluminista é encontrado morto em um poço. A partir daí se desenrolam as investigações para saber quem o matou.

Desvendando o peculiar universo dos iluministas, percebemos que o motivo de suas desavenças é a encomenda de um livro pelo Sultão, que utilizaria técnicas européias de pintura – como a representação da figura do Sultão, o que é considerado pecado na cultura oriental. Pamuk consegue dar destaque a esse confronto de culturas – a oriental e a ocidental. Segundo o próprio autor, o clima da Turquia, seu país de origem, é mesmo este: um entrelaçamento destas culturas.
Em O Meu Nome É Vermelho, Pamuk utiliza uma narrativa totalmente experimental, difícil de ser encontrada em outros livros: a narrativa é contada alternadamente por diferentes personagens e um deles é a própria cor vermelha, utilizada nas pinturas dos iluministas.

O que mais me impressionou no livro foi ver em como o ambiente em que o escritor é criado influencia suas histórias. Orhan Pamuk utiliza-se do cenário turco para criar seus enredos. O autor é vencedor do prêmio Nobel da Literatura de 2006 e também escreveu Neve, que igualmente trata deste choque de culturas.
Para quem se interessar, achei uma resenha do Blog Mundo de K.

Era isso. E para quem vai começar as aulas nesta segunda, como eu, bom começo.