quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Poemas do cotidiano

Depois da intensidade do livro Cem Anos de Solidão, hoje resolvi escrever sobre algo mais leve: Martha Medeiros. Gaúcha, a escritora e publicitária atualmente vem se dedicando a crônicas dominicais no Jornal Zero Hora que falam sobre o cotidiano. Ela consegue, de um jeito divertido e atual, falar sobre coisas simples do dia-a-dia que, mesmo parecendo óbvias, são pouco notadas por nós.

Livros como Montanha-Russa e Trem-bala compilam as crônicas mais divertidas de Martha. Os textos são leves e retratam, além de cenas do cotidiano, sentimentos que são comuns a nós, mulheres. Por isso, eles são mais apreciados pelo público feminino, que muitas vezes prefere um texto leve a um cheio de mistérios.

Acho que esta é a principal diferença de homens e mulheres. Enquanto elas gostam de ser distraídas por sentimentalismos (o que a Martha consegue passar muito bem nas suas crônicas), eles preferem se surpreender com a leitura. Claro que existem exceções. Me corrijam se eu estiver errada.

Para falar a verdade, apesar de apreciar muito a Martha Medeiros como cronista, prefiro suas poesias. Pois é. Descobri que ela também de dedicava a poesias numa Feira do Livro em Santa Maria, quando encontrei o livro Poesia Reunida da escritora. Como diz na contra-capa, o livro é uma seleção dos poemas de Martha Medeiros feita a partir dos livros Strip Tease (1985), Meia-Noite e um Quarto (1987), Persona non Grata (1991) e De Cara Lavada (1995). Assim como as crônicas, os poemas são leves e trazem boa dose da vida e dos relacionamentos contemporâneos de muitos de nós.
Vou deixar um dos meus poemas preferidos:

"tinha na época pouco mais que
treze mas já sabia que as pessoas
mentiam às vezes e intuía que
meu
destino seria melancólico caso eu
não tomasse uma medida urgente

inventei então de ser alguém
que atravessaria paredes e
sem que ninguém percebesse
colheria dados para um poema
que um dia escreveria
mesmo que você não lesse

mas você está lendo e agora
sabe tudo a meu respeito, a dor
que trago, o amor que sinto, a
fera doce que satisfaz seu maior
instinto e que não conhece nenhum
retrato mais perfeito."


Tanto as crônicas quanto os poemas de Martha Medeiros merecem ser lidos. Inegavelmente, os livros de Martha Medeiros são ótimos presentes para mulheres. Até para as que não são muito chegadas em livros.

Para quem se interessar, achei o blog que Martha mantém.

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