quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
E prometo que, no próximo ano, tentarei escrever sobre livros que chamem a atenção de vocês. De qualquer jeito, minha carga de leitura vai ser pesada nas férias. Mas pior que é exatamente disso que uma fanática por literatura gosta.
abraços a todos.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
Os 100 melhores livros
A seleção da revista se baseou em estudos do crítico Harold Bloom e em outros rankings, como o da Revista Time e Modern Library. Ela abrange livros importantes nem tanto pela linguagem usada, mas mais pelas suas idéias, que marcaram a época em que surgiram seja consagrando a cultura existente, combatendo os regimes vigentes ou confrontando tabus da sociedade. Abaixo, selecionei alguns livros da lista.
Outro autor que inspirou a literatura e o cinema ocidentais foi William Shakespeare. Na revista, são citados 3 livros dele: Otelo, Noite de Reis e Hamlet. As obras do escritor inglês deram origem a filmes, influenciando a cultura, simplesmente porque os conflitos que seus personagens vivem podem ser aplicados a qualquer um de nós, em qualquer época.
Alguns livros da revista fazem questionamentos à sociedade e ao regime em que estão inseridos. 1984, de George Orwell, critica o totalitarismo e os regimes que contrariam a liberdade. De um jeito mais sutil, Jane Austen escreve em Orgulho e Preconceito sobre os danos causados às mulheres na sociedade machista inglesa.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
A saudade de Gabo
Então, diante deste livro, estava tentando achar argumentos por não ter gostado tanto dele. Apesar de ser García Márquez quem o escreveu, parece que algumas características do realismo fantástico – muito bem utilizadas em Cem Anos de Solidão e Amor nos Tempos do Cólera – foram deixadas para trás. O enredo é simples. Vasculhando na internet, achei um texto que reflete bem o que eu senti quando terminei de ler o livro: “um gosto estranho de algo que poderia ter sido, mas não foi”.
Lógico, fica difícil escrever um livro à altura de Cem Anos de Solidão, por exemplo. A impressão saudosista do García Márquez de antes é que fica.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Terapia
Divã é uma narrativa em primeira pessoa de uma quarentona casada bem-resolvida que resolve (não se sabe por que razão) ir para a terapia. Através das conversas com o seu terapeuta, ela descobre que o seu casamento não é 100% o que ela queria que fosse e que, depois de todos esses anos, ela acabou se acomodando e achando que aquilo era felicidade.
O mais engraçado de Divã é que Martha consegue descrever uma personagem que tem um pouco de cada uma de nós, mulheres. São as mesmas dúvidas, as mesmas inquietações. A autora, mais uma vez, consegue utilizar-se do humor para apontar situações do dia-a-dia que as mulheres casadas (e as solteiras também) passam.
http://revistaquem.globo.com/Quem/0,6993,EQG1043799-2157,00.html
http://www.linguagemviva.com.br/martha.html
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
Eragon trata da história de um aventureiro que acha um ovo de dragão e, quando o animal nasce, começa a criá-lo. A partir daí, é revelado a ele uma série de mistérios que o envolvem. O autor escreveu essa narrativa entre os 15 e 18 anos, por isso ela tende a atrair os adolescentes desta faixa etária. A história é para quem gosta de aventuras fantasiosas cheias de elfos, magias e dragões. Lembra um pouco o mundo virtual dos RPGs.
Eragon faz parte de uma trilogia e também virou filme, em 2006. Bem, por enquanto era isso. Na próxima prometo que posto algo mais longo. ;D
terça-feira, 27 de novembro de 2007
O caçador de pipas
O livro, primeiro romance escrito pelo afegão Khaled Hosseini, foi também um dos primeiros de vários outros a retratar a imagem do oriente frente os olhos do ocidente. De um jeito menos crítico em relação aos costumes orientais, ele conta a história de Amir, um garoto rico de Cabul, que vive na época da queda da monarquia do Afeganistão. Ele tem uma forte amizade com o filho do empregado do seu pai, Hassan, que ele considera quase como um irmão.
Sob os olhos do menino, a história de sua vida se desenrola de tal jeito, que, com a queda da monarquia no Afeganistão e a implantação do regime Taliban, ele e seu pai são obrigados a sair do país. Mesmo “fugindo” do seu passado, Amir logo tem que encarar seus erros e prestar contas ao seu amigo de infância, o Hassan, a quem ele traiu na infância.
O nome do livro, O caçador de Pipas, se deve ao fato de Cabul ter um campeonato de pipas que marcava o início do inverno na cidade. Amir e Hassan se preparavam o ano todo para essa brincadeira. Hassan era um exímio caçador de pipas, que as apanhava logo que caíam, usando-as como um troféu.
O caçador de pipas logo vai virar filme, dirigido por Marc Forster. Há previsões para que ele chegue no Brasil no início de 2008.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Olhai os lírios do campo
Numa linguagem simples e emotiva, Veríssimo retrata as conturbadas lembranças de Eugênio e seu desejo por dinheiro e ambição, contrastados com a humanização de Olívia e sua simplicidade. É ela que vai ensinar a Eugênio, por meio de cartas guardadas, como mudar de atitude e olhar o mundo não com desejo de enriquecer, mas sim com desejo de viver e ajudar os outros.
Olhai os lírios do campo foi o livro que consagrou Érico Veríssimo como escritor, marcando sua carreira literária. Através dele, o escritor mostra que existem bens que merecem ser mais valorizados, acima da ambição e do dinheiro.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
O preço do Cacau
O trecho acima é do livro Cacau (1933) do escritor baiano Jorge Amado. O livro, assim como muitos outros do autor, traz à tona a vida dos miseráveis trabalhadores da Bahia envolvidos no trabalho de colher uma das maiores riquezas do estado: o cacau. Os trechos do livro explicam muito o ambiente da região.
“Ninguém reclamava. Tudo estava certo. A gente vivia quase fora do mundo e a nossa miséria não interessava a ninguém. A gente ia vivendo por viver. Só muito de longe surgia a idéias de que um dia aquilo podia mudar. Como, não sabíamos.
Envolvendo essa cultura, percebemos que os únicos que saem lucrando com ela são os próprios fazendeiros, pois os trabalhadores vivem num estado de miséria e dependência incrível. Numa sociedade patriarcal, o livro retrata também a dependência da mulher, pois a maioria, quando perde o marido ou o pai, vira “mulher da vida”.
“E nas nossas vidas sem amor (existe lá amor nas fazendas de cacau...) tínhamos momentos de nostalgia. O amor teria sido feito somente para os ricos? Honório dizia alto o que dizíamos para nós mesmos:
- Merda de vida!”
Jorge Amado, apaixonado pelas causas dos injustiçados, mostra a dura realidade que envolvia (e ainda envolve) a cultura do cacau na Bahia. Ainda estou no começo do livro e, por tudo isso, ele merece ser lido.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
A Feitiçaria nos livros
As aventuras do Rei Arthur foram exploradas em diversos livros e épocas, a ponto de se colocar em dúvida se ele é inventado ou realmente existiu. A autora de As Brumas de Avalon não é a primeira a escrever sobre o personagem, mas o que faz sua obra de destacar é a maneira como ela é narrada, mostrando a visão das mulheres da época, das feiticeiras imbricadas no poder do reino.
Os livros da obra:
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
O General Misterioso
Netto Perde Sua Alma foi escrito em meados de 90 e, misturando personagens reais e dados ficcionais, conta a história de Antônio de Sousa Netto (1803 – 1866), General que lutou na Revolução Farroupilha e, mais tarde, na Guerra do Paraguai.
Assim como outros livros gaúchos que tratam da Revolução Farroupilha, este também mitifica a Guerra e seus personagens – quase sempre transformados em heróis. Em um trecho de uma carta mandada por Garibaldi anos após a Revolução para o General Netto, podemos ver claramente a mitificação dos guerreiros da revolução:
“Eu vi batalhas mais disputadas, mas nunca vi em nenhuma parte homens mais valentes nem cavaleiros mais brilhantes que os da cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras comecei a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das gentes”.
Na maioria dos livros sobre a Revolução Farroupilha, os aspectos econômicos e interesses dos estancieiros que moveram a Guerra são ignorados e a situação pós-revolução ganha pouco espaço. Em Netto Perde Sua Alma, Tabajara Ruas procura retratar um pouco as injustiças feitas com os negros após a guerra – pois a maioria não foi libertada, como os generais prometiam.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Poemas do cotidiano
Livros como Montanha-Russa e Trem-bala compilam as crônicas mais divertidas de Martha. Os textos são leves e retratam, além de cenas do cotidiano, sentimentos que são comuns a nós, mulheres. Por isso, eles são mais apreciados pelo público feminino, que muitas vezes prefere um texto leve a um cheio de mistérios.
Acho que esta é a principal diferença de homens e mulheres. Enquanto elas gostam de ser distraídas por sentimentalismos (o que a Martha consegue passar muito bem nas suas crônicas), eles preferem se surpreender com a leitura. Claro que existem exceções. Me corrijam se eu estiver errada.
Para falar a verdade, apesar de apreciar muito a Martha Medeiros como cronista, prefiro suas poesias. Pois é. Descobri que ela também de dedicava a poesias numa Feira do Livro em Santa Maria, quando encontrei o livro Poesia Reunida da escritora. Como diz na contra-capa, o livro é uma seleção dos poemas de Martha Medeiros feita a partir dos livros Strip Tease (1985), Meia-Noite e um Quarto (1987), Persona non Grata (1991) e De Cara Lavada (1995). Assim como as crônicas, os poemas são leves e trazem boa dose da vida e dos relacionamentos contemporâneos de muitos de nós.
Vou deixar um dos meus poemas preferidos:
treze mas já sabia que as pessoas
mentiam às vezes e intuía que
meu destino seria melancólico caso eu
não tomasse uma medida urgente
inventei então de ser alguém
que atravessaria paredes e
sem que ninguém percebesse
colheria dados para um poema
que um dia escreveria
mesmo que você não lesse
sabe tudo a meu respeito, a dor
que trago, o amor que sinto, a
fera doce que satisfaz seu maior
instinto e que não conhece nenhum
retrato mais perfeito."
Tanto as crônicas quanto os poemas de Martha Medeiros merecem ser lidos. Inegavelmente, os livros de Martha Medeiros são ótimos presentes para mulheres. Até para as que não são muito chegadas em livros.
Para quem se interessar, achei o blog que Martha mantém.
terça-feira, 30 de outubro de 2007
O Realismo Fantástico dos Buendía
Esta frase é a abertura do livro Cem Anos de Solidão, do autor colombiano Gabriel García Márquez. A obra, escrita em 1967, fez García Márquez ganhar o Nobel de Literatura em 1982 e, passados todos estes anos, continua sendo referência na literatura mundial. Por ele ser o meu livro de cabeceira, resolvi escrever algo sobre ele.
O livro narra a vida dos Buendía, família que praticamente “fundou” a cidade de Macondo, no interior latino-americano. A cidade é fictícia, mas carrega características das primeiras vilas fundadas com a vinda dos espanhóis, na época do descobrimento. A certa altura, por exemplo, o patriarca da família José Arcádio Buendía se vê desolado por notar que Macondo está longe da civilização e das grandes invenções do mundo e tenta em vão sair da cidade para descobrir o que vem além dela.
Os personagens de Gabriel García Márquez têm todos os mesmos nomes: José Arcádio e Aureliano. São tantos personagens e gerações dos Buendía que é preciso tomar cuidado para não se confundir. Montar uma árvore genealógica é uma boa solução. O mais interessante é que as personalidades deles se repetem, de geração em geração e a solidão é o sentimento que atormenta a família. Esses personagens se assemelham, de algum modo, aos do Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo. Alguém certa vez me falou que García Márquez buscou inspiração na obra de Veríssimo para compô-los.
García Márquez utiliza boas doses do Realismo Mágico para compor Cem Anos de Solidão e este é o aspecto mais marcante das suas obras. Me faltam palavras para explicar a essência do Realismo Mágico, então vou citar uma passagem do livro, em que García Márquez descreve a trajetória que um fio de sangue faz da casa do assassinado até a casa da sua mãe:
“Logo que José Arcádio fechou a porta do quarto, o estampido de um tiro retumbou na casa. Um fio de sangue passou por debaixo da porta, atravessou a sala, saiu para a rua, seguiu reto pelas calçadas irregulares, desceu degraus e subiu pequenos muros, passou de largo pela Rua dos Turcos (...) e se meteu pela despensa e apareceu na cozinha onde Úrsula se dispunha a partir trinta e seis ovos para o pão”.
Uma outra característica que aparece no trecho acima é a exatidão com que são usados os números. (Trinta e seis ovos para o pão). Isso é herança do jornalismo, profissão que foi exercida por Márquez durante boa parte da sua vida.
Consegui sintetizar as principais características da obra Cem Anos de Solidão. Só não continuo escrevendo mais sobre o livro porque vou acabar contando sua história, o que é imperdoável para quem ainda não leu o livro. Deixo então a minha dica: assim como outros livros do Gabriel García Márquez, este vale a pena ser lido. Não tem como não se apaixonar.
Quando li a biografia do Gabriel, descobri que a maioria dos personagens do Cem Anos de Solidão nasceu inspirada na família do autor – claro, com um pouco de exagero. Fiquei pensando o quanto louca era a família do autor na sua infância e acabei percebendo que era tudo uma questão de ponto de vista. Com um pouco de imaginação, podemos enxergar loucura até nas famílias mais perfeitas.
Com certeza vou escrever sobre outros livros do Gabriel, pois, assim como Cem Anos de Solidão, as histórias são fantásticas.
Outros livros de Gabriel García Márquez:
- O amor nos tempos do Cólera
- Do amor e outros demônios
- A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada
- Crônica de uma morte anunciada
domingo, 28 de outubro de 2007
A inutilidade (e o prazer) de ler
Sempre culpei os livros pela viagem e pela vontade de viajar que eles me proporcionam. A história de um dos primeiros livros que li se passava na Escócia e me despertou a curiosidade de conhecer aquele país. Ainda não o conheci, mas a vontade continua existindo. A segunda idéia tentadora que despertei com os livros foi conhecer Machu Picchu, depois de ler a história de uma equipe de vôlei que ia jogar em terras peruanas. Essa vontade eu realizei numa viagem com meu pai, nos meus quinze anos.
Não aceito a idéia de que livros não passam de diversão e que podem ser comparados com novelas. Está certo que ambos são formas de captar a realidade, mas o livro permite uma viagem à imaginação bem mais aprofundada e criativa do que a novela.
Livro é mais do que diversão. É cultura. Faz a gente perceber que existem outros mundos além do que pode ser visto pelos nossos olhos. Ensina a escrever, a viajar, a inventar. No meu caso, é um vício inegável. Comprar um livro é uma terapia, assim como comprar roupas e perfumes em dia de TPM. Por isso, nunca consegui entender como existem pessoas que passam dias e dias longe dos livros.
Herdei o meu vício por leitura – e também uma biblioteca com 60 livros – do meu avô paterno. Por coincidência, na biblioteca, há muitos livros do Jorge Amado. Sustento este vício com esse blog, com listas infinitas de obras e autores que ainda quero ler e com algumas horas perdidas lendo coisas que muitas vezes parecem inúteis – mas que na verdade não são.